A notícia mais antiga encontrada
sobre Três Ladeiras data de 25 de junho de 1803 e foi encontrada no livro de
assentamento de Óbitos da igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem do Pasmado,
então pertencente à freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Ilha de
Itamaracá, tratando da morte da párvula Maria, filha de Lourenço e D. Anna
Joaquina, que moravam nas Três Ladeiras, sendo sepultada na dita igreja.
A vila dista 30 quilômetros ao
norte da sede do município e está situada sobre o dorso de uma grande colina
que em seu prolongamento contém três elevações de onde lhe veio à denominação.
Em 27 de março de 1849, pouco
tempo depois de retornar da Paraíba, onde havia indo organizar as coisas
relativas à Revolução Praieira, Antônio Borges da Fonseca, acampou com sua
gente na povoação. Aí, segundo informa,
recebi gente à noite. Dias depois, aos 30 de março, quando estavam
acampados em Cabú, graças a uma informação do delegado de Igarassu Manoel
Tomaz, pode o Cel. Bezerra, Comandante das tropas imperiais, atacar o
acampamento e os homens de Borges da Fonseca que “... abandonaram o campo aos
primeiros tiros, deixando para trás 8 mortos, muitos feridos, 36 armas e o
arquivo da coluna. A força legal nada sofreu, mas o guia Antônio Pedro ‘que
dizem ter sido quem denunciara a presença do caudilho nas matas’, perdeu a
vida”.
Quando em novembro de 1874,
irrompeu em Pernambuco a chamada Revolta do Quebra-Quilos, Igarassu, graças a
sua proximidade do Recife, foi uma das localidades onde houve muitas
“correrias, tumultos e ataques” dos revoltosos. Em Três Ladeiras, por
exemplo, foi geral o “quebramento das odiadas medidas e pesos do novo sistema”.
Recentemente, encontramos no Departamento de Pesquisa Histórica do Museu
Histórico de Igarassu um Sumário de Culpa promovido pela justiça local contra o
Tenente Francisco Dias de Albuquerque e outros. No processo, graças a diversos
depoimentos, foi possível fazer uma reconstituição de quando e como foi a ação
dos sediciosos na localidade. Segundo a testemunha Antônio Falcão de Mello
Cavalcanti, estando ele a vender fazendas neste povoado no dia seis de dezembro
de 1874, pelas duas horas da tarde ouviu soltar um foguete vendo em seguida Francisco Dias
de Albuquerque dizer aí vem os marimbondos e, efetivamente, momentos depois
apareceu-lhe um grupo de cinco ou seis indivíduos, que ele testemunha sabe faziam
parte de um outro grupo numeroso de sediciosos que exigiram dele testemunha a
entrega do metro de que se servia, ao que ele opôs-se retirando-se os
desordeiros que voltaram em seguida e a força tomaram o metro que quebraram. Há
informação de que todas as peças do novo sistema métrico decimal foram
quebradas. Infelizmente, o processo não foi concluído por que algumas
testemunhas, consideradas vitais no processo, não foram ouvidas.
A localidade já possuía em 1883
uma escola de primeiras letras, sendo seu professor o Sr. Felippe Benício
Correia de Figueiredo. A capela, como informa a Câmara de Igarassu ao governo
em ofício datado de 23 de setembro de 1884, “foi há pouco reconstruída sob a
invocação de Nossa Senhora das Dores da Santa Cruz”. No começo do século XX tinha cerca de 600
habitantes e feira semanal. Sua transformação em distrito se deu em face da Lei
Municipal nº 148, datada de 30 de maio de 1953, e confirmada através da Lei
Estadual nº 1.819, datada de 30 de dezembro de 1953. As terras que formaram a
nova unidade administrativa igarassuense foram desmembradas do antigo distrito,
hoje cidade de Araçoiaba. A instalação oficial do distrito, entretanto, só se
deu em 12 de julho de 1954.